Em princípio, todos somos pessoas de bem, nascemos inocentes
e aprendemos com a educação que nossos pais nos derem a praticarmos boas ações.
A vida aos poucos nos ensina que o mal não deve ser praticado e que o crime não
compensa. A personalidade vai sendo forjada desde a infância, o caráter vem do
berço, mas do berço que nos derem, do exemplo e educação familiar. Pau que
nasce torto morre torto, então o berço tem de ter qualidade para que o pau
nasça reto. O problema é que, ao contrário do pau torto que não se endireita,
pau que nasce reto, entorta.
Será que é fácil ser correto no país onde por tanto tempo, e
ainda hoje vigora a “lei de Gerson”, a que manda levar vantagem em tudo? Nos
noticiário pipocam todo dia notícias de corrupção na gestão pública. Ora,
corrupção é roubo mesmo, corrupto é ladrão mesmo, essa denominação que se dá,
de corrupto, é apenas uma versão chique para o termo ladrão, gatuno, larápio e
todos os outros que servem para adjetivar aqueles que gostam de se apoderar do
alheio, do que não lhe pertence por direito.
Não é fácil ser do bem. Até Cristo, a divindade em homem,
foi tentada, o demo fez de tudo para corrompê-lo oferecendo coisas materiais e
prazerosas para a carne. Para resistir até a ajuda de Deus foi suplicada, a
vigilância em cima de orações, fé e sofrimento venceu o mal, mas a briga
continua até os tempos atuais.
Mas, se é difícil praticar o bem, ter uma conduta reta, quem
o faz chama para si outra responsabilidade maior, a de não poder errar nunca
face ao exemplo no qual se torna. Maior ainda é essa responsabilidade quando o
homem de bem é uma personalidade pública. Uma personalidade pública, praticante
do bem vira herói, torna-se modelo e referência para o orgulho dos que nele
acredita.
Na política existem homens e mulheres de bem aos montes, um
setor tão antigo como este na existência humana, que lida diretamente com os
interesses da coletividade. A política expõe seus agentes numa vitrine onde, ao
contrário de produtos exibidos no comércio, não se procura ver tanto as
qualidades, mas principalmente os defeitos dos produtos, no caso os políticos e
gestores.
Nesta luta entre o bem e o mal, a proporção alcançada na
atividade política é muito grande, o próprio sistema democrático pressupõe
vigilância entre os poderes, são homens vigiando homens, em cargos e funções
diferentes, mas todos são iguais, pessoas normais com desejos e ambições
próprios da raça humana. Mas, trazem consigo também algo que vem do berço, o
caráter e a personalidade do bem
Na vida pública, a prática do bem é obrigação, pois todos
chegam lá pelo voto do eleitor que o vê como uma figura do bem e da
competência. O político tem a obrigação e o dever de praticar o bem, de ser
reto e de jamais roubar, tomar para si o recurso cujo destino no final deveria
ser para os serviços e bens a favor da coletividade.
A propina, a troca por favores políticos, nada mais são que
formas antecipadas do roubo, antecedem de forma habilidosa a gatunagem mais
fuleira que só sabe roubar ou assaltar na ponta final da cadeia criminosa. A
corrupção é uma forma mais intelectual perniciosa e mais maléfica da prática
criminosa que ronda a humanidade desde os primórdios dos tempos.
O senador Demóstenes Torres representava o herói vivo e
combativo nesta luta difícil do bem contra o mal na vida pública. A tolerância
zero na segurança pública contra o crime praticado, o modelo da retidão goiana,
o político promissor que orgulhava não mais aos goianos, mas ao Brasil, o país
tão necessitado de quadros éticos na vida pública.
Os goianos enviaram para o Congresso Nacional, com duas
votações exageradas um modelo de honestidade buscada no Ministério Público pelo
governador para auxiliá-lo na segurança pública. Demóstenes diminuiu de forma muito visível a
atividade criminosa em Goiás. Então por isso os goianos o escolheu para
representar o cerrado brasileiro como que dizendo, “no meio dos paus tortos
daqui do cerrado são forjados homens e mulheres retos, que lutam e que não se
envergam, não se entortam e são honestos. Toma prá você Brasil, o orgulho dos
goianos, o Demóstenes que temos aqui é do bem, incansavelmente do bem.
Será que os goianos pecaram por mandar nosso modelo para
aquele mar de lamas esparramado em Brasília? Não, claro que não. O herói tem de
lutar onde o mal é praticado, heróis nascem predestinados a combater o mal.
Heróis não fracassam, nem fraquejam, são invencíveis e aterrorizam o mal.
O Demóstenes não podia ter feito o que fez, podia ter se
misturado na lama com os porcos, tê-los combatidos e vencidos, mas não podia
ter se tornado um deles, teria de sair limpo do lamaçal, sem se sujar nem
trazer nódoas sobre si.
Junto à fraqueza de Demóstenes, o paladino da ética e da
justiça, vem de rabeira algumas dúvidas e decepções, revolta por ver ferido o
orgulho depositado na urna na hora do voto, foi derrubada a certeza de que
tínhamos nosso defensor goiano da ética e da moralidade na atividade política.
Demóstenes deve estar ferido no seu íntimo como pessoa que
não resistiu às tentações da criminalidade, que caiu diante do mal. Mas deve
saber que os ferimentos fazem sofrer na sua alma, dói na alma de milhões de
goianos e brasileiros. É público e notável a revolta da população, expressada
nos veículos de comunicação e redes sociais, que se dá em proporção à grande
decepção sentida, que é grande. O Demóstenes tinha a credibilidade da
população, perdeu esse bem irrecuperável, a confiança só se perde uma vez.
A sua relação de amizade com o bicheiro não compactua com a
sua conduta reta antes exibida, andou com quem não podia ter andado, e agora
mostrou ao país que se tornou um deles, um reles aproveitador da oportunidade
outorgada pelo povo, o mandado eletivo.
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